SÓNIA DINIZ: COMO A PAIXÃO PELO HOME STAGING A LEVOU A CRIAR A SUA MARCA
Depois de descobrir o Home Staging, cuja história tem mais de meio século, Sónia Diniz decidiu fundar a sua marca, Little Details. Com esta “ferramenta de marketing”, “dá vida nova” a imóveis e “ajuda as pessoas a visualizarem-se a viver neles”, revelando a crescente importância desta técnica nas vendas e no sucesso do setor imobiliário.
Detentora de uma “jornada”, que junta “moda, decoração e muita aprendizagem”, Sónia Diniz é um exemplo de sucesso na área de Home Staging. Criada há mais de 50 anos nos Estados Unidos, esta “estratégia de marketing” é utilizada no mercado imobiliário para “ajudar quem vende, agradando a quem compra”, estando a contribuir cada vez mais para o sucesso desse setor.
Atualmente, Sónia detém diferentes cargos, desde assistente comercial até Home Stager certificada e líder da sua marca, Little Details. Contudo, a sua formação académica inicial não esteve interligada a nenhuma destas áreas. Inicialmente, a profissional natural de Lisboa quis formar-se em Interpretação e Tradução de Idiomas, através do ISLA, mas percebeu que “não seria esse o caminho” a seguir. Sendo que desde sempre apreciou “tudo que é relacionado com estética e decoração”, Sónia aponta esta como a principal razão para o facto de a sua carreira estar “ligada ao mundo têxtil num negócio de família que já atravessa 2 gerações.”, onde trabalha como assistente comercial desde 2000.
O Home Staging é “uma ferramenta de marketing imobiliário que utiliza técnicas e conceitos de decoração” para impulsionara venda de imóveis. Ao descobrir isto, a agora Home Stager teve o seu “AHA Moment!”, como descreve, pois viu “um caminho para dar asas à [sua] paixão pela decoração”, decidindo nessa altura “apostar a fundo” nesta área, em que acabaria por se especializar.
No mesmo ano, Sónia frequentou o curso de Staging Design Professional Expert Level (SDPE), na Staging Studio dos EUA, tendo recebido uma certificação. Posteriormente, já em 2022, tornou-se especialista em Staging de casas de luxo pela International Association of Home Staging Professionals (IAHSP), assim como membro da Europe Association of Home Staging Professionals (EAHSP). Na ótica da Home Stager, o curso SDPE conferiu-lhe “uma base de conhecimento sólida”, que depois “aprofundou com a formação em Luxury Homes”, enquanto que tornar-se membro da EAHSP “ajudou-a a abrir algumas portas”.
Assim, Sónia considera que os “conhecimentos técnicos” que adquiriu nas suas especializações são “super importantes”, pois “fornecem as técnicas, as tendências, a teoria”, mas admite que, quando se fala sobre liderança, “a história é um pouco diferente”. Isto porque, “se não contar” com as pessoas que pelas “suas características intrínsecas, ‘nascem’ para liderar”, a liderança “aprende-se com a prática e a experiência do dia-a-dia, mais do que algo que se aprende nos livros”. “É saber ouvir, entender as necessidades daqueles com que falamos, é ter a capacidade para mostrar o caminho, é saber adaptar-se a diferentes situações.”, afirma.
Embora os cursos ajudem a “moldar o pensamento”, a “verdadeira liderança” é desenvolvida ao longo do tempo, “com os desafios enfrentados e superados, e principalmente, com a paixão pelo que fazemos”, daí Sónia defender que deve ser “um equilíbrio entre conhecimento e intuição, técnica e empatia”.
Junto com a descoberta do Home Staging surgiu o interesse pelo setor imobiliário. Em 2018, Sónia realizou uma “experiência como consultora imobiliária”, na Century 21 PRIME, que terminaria “sem sucesso”, em 2020. Para a profissional, a transição para este setor foi “desafiadora”, pelo facto de ser “uma área que não dominava nem tão pouco a motivava”, entendendo, anteriormente, o imobiliário “apenas [como um] sinónimo de ‘venda de casas’”, sem saber que realmente, para alcançar esse objetivo, “é preciso técnica, estratégia, promoção e muita persistência”. Contudo, diz que a transição foi simultaneamente “gratificante”. Para Sónia, o fascínio que teve (e tem) por este setor não é a venda em si, mas sim “o processo criativo de transformação do imóvel”, o qual descreve como “transformar um patinho feio num belo cisne que seja cobiçado”.E foi por causa deste fascínio que a profissional de Home Staging fundou a sua marca, Little Details, cuja área de atuação abrange a totalidade da Área Metropolitana de Lisboa, onde se localizam a “maioria dos [seus] projetos e parcerias”. Na Little Details, “cada projeto Home Staging e cada casa que [Sónia] ajuda a transformar e a vender” consiste num “desafio e numa oportunidade de criar uma história única”. “Cada imóvel onde tenho a oportunidade de trabalhar é como uma tela em branco onde posso criar algo que o valoriza e também toca quem o vê. Esta possibilidade de dar vida nova a espaços e ajudar as pessoas a visualizarem-se a viver neles é o que me deixa verdadeiramente entusiasmada com este setor e com o trabalho que faço”.
A Little Details “procura responder às diferentes necessidades que os clientes [lhes] colocam”, oferecendo, de acordo com a fundadora, três tipos diferentes de serviços: Consultoria Home Staging, Projetos Home Staging chave-na-mão e ‘My Home Stager’. O primeiro é maioritariamente destinado aos “proprietários ou consultores que querem eles próprios aplicar as técnicas de Home Staging aos seus imóveis”, necessitando de “orientação profissional”. Neste serviço, a “intervenção” da empresa pode englobar “desde uma conversa onde apenas fornecem dicas e sugestões” até à entrega de “um relatório detalhado com recomendações específicas, dicas de decoração e uma lista de compras com peças e mobiliário a adquirir” de maneira a “valorizar o imóvel”.
Já os Projetos Home Staging são direcionados para os “clientes que não têm tempo a perder”, aplicados tanto em “imóveis vazios”, onde a marca concebe “ambientes convidativos com uma seleção cuidada de mobiliário e decoração”, como em imóveis “já habitados que necessitam de uma transformação mais profunda”, em que “retiram o que está a mais e realçam o que já existe”, ao inserir “elementos que potenciam o espaço”. Assim, na ótica de Sónia, este tipo de serviço é uma “solução completa para quem pretende otimizar o apelo do seu imóvel no mercado”. Por fim, o ‘My Home Stager’ consiste num “serviço de apoio contínuo e personalizado em Home Staging e decoração” e, ao contrário dos restantes serviços, corresponde a uma “parceria a longo prazo”, que Sónia refere ser “ideal para consultores imobiliários e investidores que necessitam de assistência regular e permanente em diversos projetos ao longo do ano”. “É um recurso valioso para profissionais que buscam manter uma vantagem competitiva permanente no mercado imobiliário”, realça.
Mas como é o perfil dos clientes que usufruem dos serviços da Little Details? Segundo Sónia, este é maioritariamente composto por consultores imobiliários. No entanto, a “estratégia de divulgação” deste projeto foca-se, desde a sua génese, nas agências, que apresentam um “papel vital no mercado imobiliário”, admite. Segundo a Home Stager, tem havido nos últimos anos uma “tendência interessante” na Little Details, em que os proprietários e investidores procuram a marca diretamente, “na maioria das vezes por referência de consultores imobiliários e agências”, mas tem havido situações em que os profissionais “conhecem a Little Details por intermédio de colegas ou pela divulgação que fazem nas redes sociais”.
“Valorizar os imóveis que representam” é uma das razões por que os profissionais imobiliários procuram os serviços da marca de Sónia, estando, assim, “cientes de que um bom Home Staging pode significar a diferença entre uma venda rápida e lucrativa e um imóvel que permanece no mercado por tempo excessivo e ficando sujeito a propostas de renegociação de preço”. Na verdade, Sónia admite que estes clientes entendem “o valor que o Home Staging acrescenta à venda e querem aplicá-lo nos seus imóveis”, embora haja alguns que “ainda hesitem”. Contudo, isto não deve ser um obstáculo e os Home Stagers devem “ser um veículo” para a “mudança de mentalidades”, ao fazerem com que os agentes percebam que o “Home Staging é um investimento e não um custo, como ainda é visto em certas situações”, reitera.
Desta forma, Sónia considera o Home Staging “um aliado poderoso para os agentes imobiliários”, referindo que esta estratégia tem tido “um papel [cada vez mais] fundamental” no setor e no seu sucesso. Através desta técnica, é possível “não só aumentar o apelo visual dos imóveis, mas também reduzir o tempo de permanência no mercado”, refere. Ao gerarem-se “ambientes que destacam os melhores atributos de cada casa”, consegue-se proporcionar “aos potenciais compradores a visualização do espaço como o seu futuro lar”. Sónia revela que o Home Staging resulta, várias vezes, em “melhores ofertas de preço”, pois “os compradores tendem a valorizar mais um imóvel que apresenta uma imagem cuidada e pronta a habitar” e também estes tipos de imóveis “destacam-se naturalmente nas plataformas de venda e arrendamento”, visto serem “mais atraentes em comparação com outros que não foram devidamente preparados”.
Assim, o Home Staging não se trata apenas de “decorar uma casa para a venda”, mas sim de “uma estratégia de marketing que aumenta o valor percebido do imóvel e atrai um maior número de interessados”, e sendo “complementada com uma forte estratégia de promoção do imóvel, por exemplo, através das redes sociais”, pode tornar-se num “aliado poderoso de apoio à venda”.
Apesar de Portugal ainda se encontrar “numa fase de crescimento e educação” face ao Home Staging, o mercado nacional tem começado a “reconhecer o valor” desta “ferramenta de marketing”, de acordo com Sónia. Contudo, a profissional refere que “ainda há um longo caminho a percorrer para que o Home Staging se torne uma prática padrão” no mercado português, tal como já é noutros países europeus, como Espanha e Alemanha, e nos EUA, o “berço do Home Staging” e onde esta técnica tem uma “história longa de sucesso”, que conta já com 52 anos.
Como o imobiliário português está atualmente num “processo de mudança de mentalidades”, Sónia afirma ser preponderante “mostrar aos profissionais do setor e aos proprietários o impacto real que o Home Staging pode ter nas vendas”. No entanto, “a crescente visibilidade de casos de sucesso” e “o trabalho de profissionais dedicados nesta área” evidenciam que a “tendência é que esta ferramenta se torne cada vez mais essencial no mercado imobiliário português”, afirma a Home Stager.
Mas, então, como se faz o Home Staging?Tudo começa com “o processo de preparação e a estratégia a adotar” que dependem do facto de o imóvel ser “habitado ou mobilado, ou [de estar] vazio”. Nos imóveis habitados, o “foco” deve ser a “otimização” e a “despersonalização dos espaços”, visto que, segundo Sónia, não se pretende “despertar sentimentos de desconforto numa pessoa que visite a casa”, fazendo-a “sentir-se uma intrusa num espaço que pode potencialmente vir a comprar”. Assim, na Little Details, a profissional retira “quaisquer referências pessoais como fotos de família, apontamentos religiosos ou clubísticos” e depois tem de “certificar de que cada divisão está impecavelmente limpa e arrumada” e “cada canto está bem iluminado para criar um ambiente acolhedor” e também “ajustar a disposição dos móveis para maximizar a sensação de espaço e fluxo”, dando Sónia exemplos de “pequenos reparos”, que diz serem “essenciais”, tais como “uma pintura fresca” e “arranjar uma torneira que pinga”. Contudo, e porque estas intervenções no imóvel estão, de certa forma, a “‘violentar’ a intimidade e o espaço da família que neles vive”, revela, um Home Stager deve ter “alguma/muita sensibilidade para tratar destas situações mais delicadas que mexem com o lado sentimental” dos proprietários.
Entretanto, nos imóveis vazios, o “desafio” é outro: “dar vida e calor a um espaço que pode parecer frio e impessoal”. Neste contexto, a Home Stager dá uso a “mobiliário e acessórios para demonstrar como cada divisão pode ser utilizada”, para f zer com que “os potenciais compradores se imaginem a viver na casa”. Assim, são “cuidadosamente escolhidos” elementos decorativos, como “peças de arte, tapetes e plantas”, refere Sónia, que “são usados para adicionar cor e textura, transformando a casa num local convidativo, num lar”.
Em ambos os casos, a Little Details tenta sempre ter “uma abordagem personalizada e atenta ao detalhe”, visto ter em consideração “as características únicas de cada imóvel, o perfil dos potenciais compradores e as tendências atuais do mercado”, afirma a fundadora. Deste modo, o “objetivo é sempre o mesmo”: “realçar os melhores atributos de cada imóvel”, gerando “um ambiente que não só impressiona visualmente, mas que também toca emocionalmente com os possíveis compradores”. “Queremos que seja este o segredo do sucesso da Little Details, uma combinação de técnica, criatividade e uma profunda atenção ao detalhe”, reitera.
Embora a valorização de um imóvel após uma intervenção de Home Staging dependa de vários fatores, desde a “forma como o imóvel é divulgado” e “as características específicas do imóvel” até ao “estado atual do mercado imobiliário – se está em alta ou em baixa” – e mesmo “o valor que o proprietário está a pedir” pelo espaço, Sónia acredita que, por exemplo, em “períodos em que o mercado está em baixa”, o Home Staging pode constituir uma ferramenta “crucial para evitar a desvalorização do imóvel, devido à pressão para baixar os preços”. Assim, nestes casos, “manter o valor do imóvel já pode ser considerado uma forma de valorização”, refere.
Ultimamente, tem havido inúmeros “estudos com resultados variados sobre o impacto exato do Home Staging na valorização dos imóveis”; porém, na sua “experiência conservadora e prudente”, a fundadora da Little Details considera “razoável esperar uma valorização entre 1% e 5%” – uma “expectativa realista” –, não deixando de ser possível ter “valorizações maiores”.
De todos os desafios por que passou na sua carreira, Sónia revela que o maior “foi e é”, definitivamente, a Little Details, pelo facto de ter de “criar algo do zero” e de “estabelecer uma marca” no mercado imobiliário português que ainda está “a despertar para o conceito do Home Staging”. Para si, a empresa consiste na “concretização de uma paixão” e numa “fonte constante de aprendizagem e desenvolvimento pessoal e profissional”, considerando-a também a sua “maior conquista”.
Segundo a Home Stager, ter a sua própria marca é “como cuidar de um organismo vivo”, pois “requer atenção constante, adaptação às mudanças do mercado” e também “um nível de resistência física e mental apreciável para lidar com as insónias”, expressa. Contudo, apesar das variadas dificuldades, a sua experiência na Little Details é “extremamente gratificante”: “Cada projeto bem-sucedido, cada cliente satisfeito, cada imóvel que ganha uma nova vida através do nosso trabalho, tudo isso compensa os desafios enfrentados e as noites mal dormidas. A Little Details é um reflexo do meu compromisso com a qualidade e paixão que tenho pelo Home Staging”.
Sendo um nome já conhecido na sua área, Sónia é a personificação de que “é possível ser mulher e alcançar a realização profissional”. “Desenvolver um trabalho honesto e de qualidade, que traga satisfação e valor não só para [si], mas para todos com quem trabalha” é o seu grande objetivo, relevando que, “se o resultado [deste] trabalho servir de inspiração para alguém”, é “um motivo de satisfação” e, acima de tudo, “uma prova de que o género não foi um fator limitativo”. Na opinião de Sónia, o sucesso advém da “vontade e do mérito de cada um”, assim como “da possibilidade de todos termos acesso às mesmas oportunidades, homens e mulheres”. Embora a sociedade “ainda tenha um caminho a percorrer” face à igualdade de oportunidades, a Home Stager sublinha que “cada história de sucesso, independentemente de quem a protagoniza, é um passo na direção certa”. “O importante é acreditarmos na nossa capacidade e lutarmos pelos nossos objetivos, independentemente dos obstáculos que possam surgir pelo caminho”, afirma.
‘Chegar a líder de uma marca é um desafio para Sónia, que considera que o caminho para a perfeição “é longo”, embora trabalhe para tentar lá chegar. Apesar de considerar que os líderes perfeitos já nascem com características “intrínsecas à sua personalidade”, que os fazem ser “líderes naturais”, a fundadora da Little Details defende que um bom líder tem de conseguir “ser um exemplo”, isto é, “ser íntegra, honesta e ter uma certa/grande dose de conhecimento e paixão pelo que faz”, algo que é “fundamental para contaminar positivamente quem a rodeia”, refere. Desde “a capacidade para ouvir, para ser empática” até perceber “as necessidades dos outros, para mostrar o caminho”, tudo isto é o que confere uma maior confiança e “ajuda a construir uma certa ‘aura’ de carisma que faz da pessoa uma líder natural”, conclui Sónia Diniz.
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